Quando a chuva cessava e um vento fino
Franzia a tarde
tímida e lavada,
Eu saía a brincar,
pela calçada,
Nos meus tempos felizes de menino.
Fazia, de papel,
toda uma armada;
E, estendendo meu
braço pequenino,
Eu soltava os
barquinhos, sem destino,
Ao longo das sarjetas, na enxurrada...
Fiquei moço. E hoje
sei, pensando neles,
Que não são barcos
de ouro os meus ideais:
São feitos de papel,
são como aqueles,
Perfeitamente, exatamente iguais...
- Que os meus
barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e
não voltaram mais!
(Nós, 1917, Guilherme de Almeida).
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